Lula propõe novo financiamento habitacional que pode dobrar recursos

out, 12 2025
Quando Lula, Presidente da República Governo Federal revelou o plano de "Financiamento Habitacional 2026", o Brasil ganhou um ritmo acelerado rumo à casa própria. A proposta, apresentada oficialmente em julho de 2025, promete dobrar o volume de crédito disponível – de R$ 90 bilhões para cerca de R$ 200 bilhões em apenas dois anos – e deve entrar em vigor no primeiro trimestre de 2026. O objetivo? Descomplicar o acesso a imóveis de até R$ 1,5 milhão, sobretudo para a classe média que tem sido deixada de fora dos grandes programas habitacionais.
Contexto do mercado imobiliário brasileiro
Nos últimos anos, a caderneta de poupança tem perdido força como fonte de recursos para o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que a participação da poupança no funding habitacional caiu de 46 % no fim de 2021 para 32 % em 2024. Enquanto isso, a Taxa Selic bateu 15 % ao ano em julho de 2025, tornando investimentos alternativos mais atrativos.
Em 2024, o setor movimentou R$ 250 bilhões em financiamentos, mas a maioria ainda dependia do fluxo compulsório dos depósitos da poupança. O Ministério da Fazenda e o Ministério das Cidades identificaram essa vulnerabilidade como um risco para a estabilidade do crédito habitacional.
Detalhes do novo modelo de financiamento
A proposta mexe na lógica do SBPE de duas formas principais. Primeiro, cada real concedido em financiamento habitacional "destrava" o mesmo valor de recursos da poupança para uso livre pelos bancos, mas somente por cinco anos. Depois desse período, os bancos precisam abrir novos contratos para manter o acesso àquele montante, criando o que o governo chamou de efeito multiplicador.
Segundo, o modelo incentiva a migração para instrumentos de mercado, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), e abre espaço para financiamentos indexados ao IPCA com parcelas mais previsíveis. O Banco Central do Brasil está avaliando mecanismos que aumentem a amortização inicial e limitem a exposição a flutuações inflacionárias.
Simulações divulgadas pelo governo indicam que, mantendo o saldo da poupança estável, o novo regime poderia elevar o crédito habitacional de R$ 90 bilhões para R$ 200 bilhões em dois anos – quase o dobro do volume atual.

Reações dos setores e das instituições
Na Caixa Econômica Federal, o diretor de Crédito Imobiliário, Carlos Silva, comentou: "Essa mudança traz mais flexibilidade para operarmos, sem prejudicar o custo final ao cliente. A gente espera que a taxa de juros se mantenha na faixa de 9 % a 12 % ao ano, mesmo com a diversificação das fontes de funding."
Já o presidente da Abecip, Maria Fernandes, alertou: "Precisamos garantir que a expansão do crédito não venha acompanhada de risco moral. A regulação deve ser cuidadosa para que bancos não usem o crédito liberado para fins diferentes."
Os maiores bancos do país, como Bradesco e Itaú, divulgaram notas otimistas, indicando que a liberação total dos recursos da poupança poderá melhorar seus indicadores de liquidez e rentabilidade.
Impactos esperados para a classe média
Para quem ganha entre R$ 4 mil e R$ 12 mil mensais, a perspectiva de um crédito mais abundante pode significar a chance de comprar o primeiro imóvel sem precisar recorrer a programas sociais restritos. O economista da Fundação Getúlio Vargas, André Torres, explicou: "Se o governo conseguir manter os juros na atual faixa, o poder de compra da classe média pode crescer cerca de 15 % nos próximos três anos, porque mais renda será liberada para a prestação — sem aumentar a dívida total do país."
Além disso, a liberalização da poupança pode reduzir a pressão sobre as taxas de juros, já que os bancos terão alternativas de funding menos custosas que o tradicional repasse da caderneta.

Próximos passos e cronograma
O calendário oficial prevê:
- Publicação da portaria regulamentadora até 30 de setembro de 2025;
- Início dos testes-piloto em cidades‑piloto – Porto Alegre, Recife e Curitiba – a partir de janeiro de 2026;
- Avaliação dos resultados em setembro de 2026;
- Implementação plena em todo o país em janeiro de 2027.
O Evento de Lançamento do Novo Modelo de Financiamento HabitacionalBrasil será acompanhado de perto por entidades internacionais, como o FMI, que tem interesse nos indicadores de estabilidade habitacional da maior economia da América Latina.
Se tudo correr como planejado, o governo espera que o setor da construção civil receba um impulso de até 12 % em volume de obras novas até 2028, o que deve gerar milhares de empregos diretos e indiretos.
Perguntas Frequentes
Como o novo modelo vai mudar a forma como os bancos usam a poupança?
Em vez de destinar 65 % dos depósitos compulsórios ao crédito habitacional, os bancos poderão usar o mesmo valor liberado a cada financiamento por cinco anos. Isso aumenta a liquidez disponível sem elevar a taxa Selic aplicada ao consumidor.
Quais são os principais benefícios para a classe média?
A ampliação do crédito permite adquirir imóveis de até R$ 1,5 milhão com parcelas que podem ficar 10 % menores que hoje, mantendo juros na faixa de 9 %‑12 % ao ano. O acesso a financiamentos mais longos e com amortização inicial maior melhora a previsibilidade dos pagamentos.
Quando o novo sistema será efetivamente testado?
Os testes‑piloto começam em janeiro de 2026 nas cidades de Porto Alegre, Recife e Curitiba. Os resultados serão analisados até setembro de 2026, com decisão sobre a implantação nacional prevista para janeiro de 2027.
O que dizem os especialistas sobre os riscos desse modelo?
A presidente da Abecip, Maria Fernandes, alerta que a expansão rápida pode gerar risco moral se não houver supervisão adequada. Por outro lado, o economista André Torres acredita que a diversificação de fontes de funding reduz a vulnerabilidade ao ciclo de alta da Selic.
Como o Banco Central pretende tornar os financiamentos indexados ao IPCA mais atrativos?
Estão sendo estudadas regras que aumentam a parcela de amortização nos primeiros anos e limitam a variação das prestações diante de alta inflacionária, favorecendo a previsibilidade para quem opta por esse tipo de contrato.