Internacional x Fortaleza: vitória por 2 a 1, Beira-Rio vazio e respiro para Roger Machado

set, 1 2025
O jogo, os ajustes e os protagonistas
Vitória com gosto de alívio e arquibancadas surpreendentemente vazias. Foi assim o domingo de Internacional x Fortaleza, no Beira-Rio: 2 a 1 para o time gaúcho, pela 22ª rodada do Brasileirão, às 20h30. O resultado dá fôlego a Roger Machado, que chegou pressionado e fez ajustes para tentar estancar a oscilação recente.
O planejamento de Roger já vinha sendo desenhado desde a semana passada. A principal dúvida era Thiago Maia, ausente contra o Cruzeiro por desconforto na coxa. Liberado, virou carta importante para recompor o meio ao lado de Alan Rodríguez, com Alan Patrick à frente, pensando o jogo entre as linhas. Pelos lados, a ideia era dar arrancada com Carbonero e dinamismo com as opções de Vitinho ou Gustavo Prado. Na frente, Ricardo Mathias como referência, oferecendo mobilidade para atacar o espaço nas costas da zaga.
O pacote de desfalques e retornos mexeu com a espinha dorsal. Vitinho e Valencia voltaram pós-suspensão por acúmulo de amarelos (aplicados no duelo com o Flamengo, duas rodadas atrás), ampliando a cartela ofensiva. Do outro lado, duas baixas pesadas: Bruno Tabata seguiu suspenso, e Borré ficou de fora por ter sido expulso contra o Cruzeiro. Wesley também não esteve à disposição, reduzindo alternativas pelo corredor.
Em campo, a vitória por 2 a 1 veio em noite de execução mais sólida do plano: bloco compacto, laterais mais contidos e meio-campo com menos espaços entre setores. Sem se expor além do necessário, o Inter controlou melhor as transições, um ponto chave contra um Fortaleza que, com Vojvoda, costuma acelerar assim que recupera a posse e castigar quem perde a bola desorganizado.
No papel, a base colorada projetada para a partida passou por: Rochet; Aguirre, Vitão, Juninho e Bernabei; Thiago Maia (ou Luis Otávio), Alan Rodríguez e Alan Patrick; Wesley (ou Vitinho/Gustavo Prado) e Carbonero; Ricardo Mathias. A lista geral incluía ainda Anthoni no gol e, para a defesa, nomes como Alan Benítez, Clayton Sampaio e Victor Gabriel, garantindo lastro para mudanças em caso de necessidade.
Alguns movimentos explicam a escolha tática. Thiago Maia dá primeiro passe limpo e proteção frontal à zaga; Alan Rodríguez equilibra a saída; Alan Patrick, entre linhas, cria o último passe. Carbonero alonga o campo, alonga a defesa rival e abre corredor para infiltração de quem vem de trás. Na frente, Ricardo Mathias trabalha o pivô e puxa a marcação, permitindo que a área seja atacada de frente.
- Quem voltou: Vitinho e Valencia, liberados de suspensão.
- Quem ficou fora: Bruno Tabata (suspenso) e Borré (expulso na rodada anterior). Wesley também não foi relacionado.
- Peça em observação: Thiago Maia, recuperado de desconforto muscular.
Para o Fortaleza, a derrota veio no contexto de um time que tenta manter a regularidade da proposta: intensidade sem a bola, verticalidade e amplitude pelos lados. Em jogos de detalhe, o primeiro gol muda a história; em Porto Alegre, o Inter encontrou o placar e segurou a resposta nordestina com mais posse e vigilância às costas dos volantes.

Arquibancadas vazias, transmissão e os próximos passos
O dado que chama atenção: 9.099 torcedores. Foi o pior público do Beira-Rio em 2025, abaixo da marca de 11.414 registrada no 1 a 2 contra o São Paulo, em 3 de agosto. Em um estádio que comporta mais de 50 mil pessoas, a ocupação ficou abaixo de 20%. A mensagem é clara: o time venceu, mas precisa reconectar com a arquibancada.
Por que tão pouca gente? É um combo. Desconfiança gerada por atuações recentes, domingo à noite e bolso apertado do torcedor ajudam a explicar. Soma-se a isso a oferta de transmissão aberta em alta definição e o clima de fim de mês, quando a renda está mais curta para boa parte do público. O resultado melhora o humor, mas reconquistar presença exige sequência, performance convincente e preço de ingresso que conversem com a realidade.
Falando em tela, a partida esteve disponível com imagens, de graça, no canal do YouTube da Fanatiz, dentro da série Weekly Free Fanatiz Games. A estratégia amplia o alcance global do Brasileirão e oferece porta de entrada para novos públicos, principalmente quem está fora do país. É positivo para a liga como produto — e, ao mesmo tempo, mais um desafio para os clubes balancearem a equação entre matchday (bilheteria, consumo no estádio) e exposição digital.
O impacto esportivo da vitória é direto: próximo do terço final do campeonato, pontos em casa valem duplo. O 2 a 1 devolve confiança a um Inter que vinha sentindo o peso da pressão. Para Roger, é margem de manobra — tempo para treinar padrões, recuperar lesionados e ajustar escolhas no ataque, onde as suspensões têm mudado a cara do time rodada a rodada.
O vestiário também ganha: o retorno de jogadores como Vitinho e Valencia amplia repertório, a presença de Thiago Maia eleva o teto do meio-campo, e Alan Patrick segue como termômetro criativo. A comissão técnica trabalha para estabilizar a formação e reduzir o vai e vem de peças que impede automatismos. Com calendário apertado, consistência conta mais do que grandes atuações isoladas.
Do lado do Fortaleza, a derrota não apaga o que o time vem construindo: modelo maduro, identidade clara e competitividade em diferentes contextos. O ponto de atenção, como para qualquer equipe que joga vertical, é a gestão das perdas de bola no campo ofensivo. Em jogos fora, controlar a ansiedade após sofrer gol é diferença entre pontuar e voltar de mãos vazias.
O Beira-Rio, por sua vez, deu um recado silencioso. Não é sobre abandonar o time; é sobre confiança, comunicação e custo-benefício de ir ao estádio. Clubes têm trabalhado com campanhas, meios de pagamento mais flexíveis e vantagens para sócios. Vitória ajuda, mas a retomada de público depende de uma sequência que pareça projeto — e não soluço.
Na tabela, o efeito é menos sobre posição pontual e mais sobre tendência. Três pontos num confronto direto de Série A blindam a semana, acalmam o ambiente e aliviam a cobrança externa. O grupo volta ao CT com a sensação de que há caminho. Agora, é transformar respiro em trilho.