Trump vs Disney: a luta corporativa que pode mudar o mercado de mídia

set, 26 2025

Quando você pensa em guerra, provavelmente imagina campos de batalha ou disputas eleitorais. Mas o duelo atual entre Trump e a Disney acontece nos escritórios de executivos, nas salas de reunião da NFL e nas contas de streaming de milhões de usuários. O que começou como uma reação a comentários de um apresentador noturno acabou se transformando num complexo jogo de poder, dinheiro e influência política.

Origens do conflito

Tudo começou quando o humorista Jimmy Kimmel fez críticas que atingiram a sensibilidade do ex-presidente. Trump, que já usava a Disney como alvo de retaliações, viu na reação do gigante do entretenimento uma oportunidade de lucro. Na ocasião, a Disney teria desembolsado cerca de US$ 16 milhões para encerrar uma disputa anterior – um valor que, na prática, funcionou como um pagamento de “proteção”.

Desde então, Trump tem reiterado que o novo embate “parece ainda mais lucrativo”. Ele deixou claro que está disposto a pressionar a empresa por mais dinheiro, usando sua influência política como moeda de troca. Isso coloca Bob Iger, CEO da Disney, em uma posição delicada: equilibrar a liberdade editorial da empresa com a necessidade de evitar prejuízos financeiros e regulatorios.

Impactos financeiros e políticos

Impactos financeiros e políticos

Os efeitos já são palpáveis. Depois das declarações de Kimmel e das respostas de Trump, a Disney registrou uma queda significativa no número de assinantes de seus serviços de streaming. Analistas descrevem o fenômeno como um "black‑eye" de proporções de estádio, com milhares de clientes cancelando suas assinaturas por motivos ideológicos.

Além da perda de receitas diretas, o clima de tensão tem alimentado um movimento entre acionistas. Investidores preocupados com a exposição da empresa a pressões políticas começaram a discutir possíveis ações judiciais contra a Disney, alegando que a gestão está comprometendo o valor das ações ao ceder a exigências externas.

  • Pagamento prévio de US$ 16 milhões que pode servir de precedente.
  • Cancelamento de assinaturas, diminuindo receitas de streaming.
  • Risco de processos acionários por suposta má governança.
  • Possível bloqueio regulatório da compra da NFL Network pela ESPN.

A compra da NFL Network, que está em fase de aprovação, representa um ponto de alavancagem crucial. Se o acordo for impedido por pressões políticas ou pela intervenção de Trump, a Disney não só perderá um grande investimento, como também verá sua credibilidade enfraquecida perante investidores e parceiros de negócio.

Especialistas em governança corporativa apontam que a estratégia de pagamento de silvos ao ex-presidente pode ter sido um tiro curto. Em vez de impedir novas exigências, a compensação parece encorajar demandas ainda maiores, criando um ciclo de extorsão que pode minar a autonomia da empresa a longo prazo.

O caso está sendo observado de perto por outras companhias de mídia. Se a Disney ceder às pressões, abre‑se a porta para que figuras políticas tentem influenciar decisões editoriais de forma ainda mais direta. Por outro lado, se a empresa se recusar a atender às exigências, corre o risco de sofrer retaliações que podem incluir bloqueios regulatórios, boicotes de anunciantes ou mesmo campanhas de difamação em massa.

Em resumo, o embate entre Trump e a Disney ilustra como a política está cada vez mais entrelaçada com o mundo corporativo. As decisões tomadas agora podem definir como grandes conglomerados lidarão com pressões políticas nos próximos anos, influenciando não só os balanços financeiros, mas também o panorama da liberdade de expressão na mídia americana.