Paula Fernandes lança 'Amar de Novo', versão brasileira de 'Set Fire To The Rain' de Adele

Ao meio-dia de 22 de outubro de 2021, Paula Fernandes lançou seu décimo álbum de estúdio, Amar de Novo, pela Universal Music Brasil, em um momento que unia emoção, música e história. O disco, gravado entre março e setembro daquele ano no Estúdio Toca do Bandido, no bairro de Botafogo, Rio de Janeiro, traz uma surpresa que abalou o cenário nacional: uma reinterpretação em português de Set Fire To The Rain, hit de Adele de 2011. Mas não foi só uma cover qualquer. Foi um ato de coragem — e permissão. Adele, por e-mail, autorizou pessoalmente a versão brasileira em julho, dizendo: "Sua voz carrega a mesma vulnerabilidade que eu buscava. Faça sua versão com liberdade." E Paula fez. Com sanfona, violões em dó maior e uma estrutura que mistura sertanejo universitário e pop brasileiro. O resultado? Um diálogo inédito entre Londres e Goiânia.

Um projeto que nasceu da dor

Paula Fernandes, nascida em Sete Lagoas, Minas Gerais, em 28 de agosto de 1984, não escondeu que a canção era mais que um single. "Escolhi reinterpretar 'Set Fire To The Rain' porque a letra transcende idiomas — fala sobre renascimento após a dor, algo que vivenciei profundamente aos 28 anos, quando encerrei um relacionamento de sete anos", contou durante a coletiva virtual da Universal Music Brasil. A canção, originalmente lançada pelo álbum 21 da britânica, tornou-se um hino global de superação. Mas para Paula, era um espelho. Ela não apenas traduziu as palavras — traduziu sentimentos. E isso fez toda a diferença.

Para adaptar a melodia, o produtor musical Humberto Clayber — que atuou como diretor musical do disco — mudou a tonalidade de Ré bemol maior para Dó maior, criando uma sensação mais quente, mais próxima do sertanejo raiz. Os violões foram gravados ao vivo, com 14 músicos presentes no estúdio, e a sanfona no refrão, uma escolha ousada, foi o toque que transformou a balada pop em algo profundamente brasileiro. "É como se a chuva de Londres tivesse virado poeira de estrada em Minas", comentou o crítico João Paulo Lellis, da Rolling Stone Brasil, em sua análise de 4,2/5 estrelas.

Um lançamento com números que impressionam

O investimento foi pesado — e inteligente. A produção do álbum custou R$ 1,2 milhão, com 50 mil cópias físicas impressas para o mercado brasileiro. A campanha de divulgação, liderada pela diretora de marketing da Universal Music Brasil, Carolina Oliveira Silva, investiu R$ 500 mil em redes sociais, com parcerias exclusivas no Instagram e TikTok Brasil para filtros temáticos. A meta? 200 milhões de impressões até dezembro de 2021. Eles superaram. Em 72 horas, Amar de Novo acumulou 850 mil streams no Spotify Brasil. No iTunes, ficou no topo por 11 dias seguidos. A coletiva de lançamento, transmitida ao vivo pelo YouTube, teve 12.347 espectadores simultâneos, com pico de 8.921 pessoas assistindo ao vivo.

Um marco de duas carreiras

O lançamento de Amar de Novo coincidiu com dois aniversários importantes. O primeiro, de Adele: exatamente 10 anos após o lançamento de 21, o álbum que a tornou global. O segundo, de Paula: 15 anos desde que assinou com a EMI Music Brasil, em 2006 — um contrato que a lançou de artista regional a estrela nacional. Em 2011, seu álbum homônimo vendeu 1,5 milhão de cópias no Brasil. Agora, em 2021, ela não só reafirmou seu lugar no topo, como criou um novo padrão de fusão cultural. Não foi um cover. Foi uma reinvenção.

Consequências e o que vem a seguir

A repercussão foi imediata. O álbum teve maior engajamento em Minas Gerais e São Paulo — estados onde o sertanejo tem raiz profunda — mas foi ouvido em todos os 26 estados e no Distrito Federal. A versão de Amar de Novo foi escolhida para ser executada no Multishow Brazilian Music Awards, em 25 de novembro de 2021, no Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro. E não parou por aí. Uma turnê nacional de 30 cidades foi anunciada, com início marcado para 15 de janeiro de 2022, em Belo Horizonte. A expectativa? Preencher estádios com um som que une a alma do Brasil à emoção universal.

Por que isso importa?

Essa não foi apenas uma adaptação musical. Foi um momento cultural. Em um Brasil onde muitas versões estrangeiras são copiadas sem respeito, Paula fez o contrário: respeitou a origem, transformou com autenticidade e conquistou a própria artista. Adele, que já vendeu mais de 120 milhões de discos no mundo, não apenas aprovou — ela se reconheceu. E isso, em tempos de remixes automatizados e covers sem alma, é raro. O que Paula fez foi dar voz ao que muitos sentem, mas não conseguem dizer: que a dor pode virar música, e que a música pode curar — mesmo que venha de outro continente.