Dia das Crianças 2025: preços acima da inflação e varejo em alta

out, 10 2025
Quando Maria Giulia Figueiredo, analista de research da Rico divulgou os números mais recentes, a reação foi imediata: os produtos típicos do Dia das Crianças 2025Brasil subiram 4,01% nos primeiros oito meses do ano, ultrapassando a variação de 3,15% do IPCA naquele período. O que isso significa para quem vai à loja nesta quarta-feira, 12 de outubro? Em linhas gerais, a cesta de brinquedos, roupas e outras guloseimas está mais cara que o peso das demais mercadorias, mas a diferença ainda varia muito de categoria para categoria.
Contexto histórico do Dia das Crianças
Desde sua institucionalização em 1924, o Dia das Crianças se tornou a terceira data mais importante do calendário varejista brasileiro, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães. Em 2024, o comércio movimentou cerca de R$ 72,8 bilhões, número que ainda supera a maioria das campanhas sazonais. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a expectativa para 2025 é de R$ 9,96 bilhões em vendas, o que representa um crescimento de 1,1% em relação ao ano anterior.
Essa leve alta se deve, em parte, ao aumento da confiança do consumidor após a queda da inflação geral em 2023‑2024. Contudo, os números de 2025 revelam que nem todas as áreas da cesta de consumo infantil acompanham o ritmo de estabilização. Enquanto alguns produtos mantêm preços quase inalterados, outros – especialmente os importados e alguns chocolates premium – vêm registrando acréscimos ainda mais expressivos.
Variações de preço por categoria
Os dados da Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, entre janeiro e agosto de 2025, roupas infantis tiveram alta de 2,97% no país, um pouco acima dos 2,46% registrados nos últimos 12 meses. Em São Paulo, a variação subiu para 3,03%, indicando que o mercado capitais tende a ser mais sensível às flutuações de custo.
Já os brinquedos tiveram comportamento inesperado: no Brasil, o índice subiu apenas 1,50% no acumulado de 12 meses, porém em São Paulo os preços caíram 0,92%, sinal de deflação. Essa disparidade ficou ainda mais evidente em Campo Grande, onde o Procon de Mato Grosso do Sul encontrou diferenças de até 100% entre lojas diferentes. Um jogo de tabuleiro, por exemplo, variava de R$ 24,99 a R$ 49,99.
Os bolos de festa, outro item tradicional da data, avançaram apenas 1,12% no ano, registrando ainda deflação de 0,43% em 2025. Em contraste, produtos importados como consoles (PS5) e coleções de brinquedos de marcas internacionais apresentaram alta acima de 5%.

Análises de especialistas
Para entender o que está por trás desses números, a economista Nadja Heiderich, professora da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), explicou que "em 2025 o cenário de preços para o Dia das Crianças mostra inflação controlada, mas com grande variação entre categorias. Enquanto brinquedos e roupas se mantêm estáveis, produtos importados e chocolates registram aumentos expressivos".
Heiderich recomenda que os consumidores comparem preços, fiquem atentos ao selo de segurança do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e aproveitem as promoções antecipadas. Ela ainda aponta que o comportamento dos lojistas – que geralmente aumentam margens nos dias que antecedem a data – pode ser mais perceptível em regiões onde a concorrência é menor.
Impacto no varejo e previsões
O Fecomércio-SP corrobora a ideia de que a cesta de itens mais procurados subiu 2,04% em 12 meses, ainda abaixo da inflação geral de 5,13% medida pelo IPCA. Contudo, a projeção da CNC indica que o segmento de vestuário, calçados e acessórios deve gerar R$ 2,71 bilhões, representando 27% do total da data. Logo em seguida vem eletroeletrônicos e brinquedos, com R$ 2,66 bilhões.
Grandes varejistas já revelaram suas estratégias de descontos. A Americanas.com.br, com sede em São Paulo, oferece promoções em PS5, Barbie, bebê reborn, bicicletas infantis e Hot Wheels. Já a Havan, de Brusque (SC), lançou a campanha "melhor setor de brinquedos do Brasil" com descontos agressivos. A Le Biscuit entrou na dança oferecendo 5% ou 10% de cashback em compras de brinquedos até 12/10/2025, com crédito liberado em até 7 dias.
Essas iniciativas ajudam a diluir parte da alta de preço, mas ainda deixam espaço para que consumidores mais atentos façam escolhas mais econômicas.

Dicas práticas para quem vai às compras
- Pesquise online antes de sair de casa; sites de comparação de preço já incluem a maioria das promoções anunciadas pelos grandes varejistas.
- Verifique sempre o selo Inmetro nos brinquedos, especialmente nas faixas etárias mais jovens.
- Prefira lojas que ofereçam nota fiscal e política de troca clara – o Procon recomenda isso para evitar dores de cabeça.
- Aproveite o cashback da Le Biscuit ou programas de pontos de cartões de crédito; o retorno pode chegar a 10% do valor gasto.
- Se possível, compre antecipadamente; a maioria dos descontos começa a aparecer a partir de 15 de setembro.
Seguindo essas recomendações, a família consegue equilibrar o desejo de presentear com a necessidade de manter o orçamento sob controle.
Perguntas Frequentes
Como a alta de preços afeta as famílias de baixa renda?
Para famílias com menor poder aquisitivo, o aumento de 4,01% nos itens de Dia das Crianças pode significar a necessidade de reduzir a quantidade ou escolher alternativas mais econômicas, como brinquedos educativos de fabricação nacional, que costumam ter margens menores que os produtos importados.
Qual a principal causa da variação de até 100% nos preços dos brinquedos em Campo Grande?
A disparidade decorre da ausência de padronização entre as redes de lojas, diferenças de estoque e estratégias de margem adotadas por cada estabelecimento. O Procon aponta ainda que a oferta de brinquedos importados pode elevar os preços em até 50% em relação aos nacionais.
Quais segmentos do varejo devem crescer mais nos próximos meses?
Segundo a CNC, vestuário, calçados e acessórios lideram com 27% das vendas previstas, seguidos de perto por eletroeletrônicos e brinquedos. As promoções de dispositivos como tablets infantis podem acelerar ainda mais esse segmento até o final de 2025.
Como a inflação medida pelo IPCA se compara ao aumento dos preços da cesta infantil?
Enquanto o IPCA acumulado em 12 meses até agosto de 2025 ficou em 5,13%, a cesta de itens de Dia das Crianças teve alta de 2,46% no mesmo período. No recorte janeiro‑agosto, porém, a cesta subiu 4,01% contra 3,15% do IPCA, indicando que, recentemente, os produtos infantis vêm superando a inflação geral.
Vale a pena esperar pelas promoções de última hora?
Sim, muitas lojas ampliam os descontos nos dias que antecedem o 12 de outubro. Contudo, o estoque pode esgotar rapidamente, principalmente em produtos de alta demanda como consoles e bonecas eletrônicas, então combine antecedência com monitoramento de ofertas.